Como ver a Vida Por Outro Lado?
Desde que nascemos, somos forçados a enxergar a vida sob óticas “tradicionais”: a religião da nossa família, o carreirismo, a meritocracia, fazer faculdade assim que sair da escola, aposentar velhinho, entre outros paradigmas. Com tantos dogmas e lavagem cerebral desde cedo, como ver e viver a vida por outro lado?
A resposta não é simples… Mais difícil ainda é viver, de fato, a vida por outro lado…
Para exemplificar, vamos tentar ver a vida por outro lado para focar no que é importante para você, provavelmente gastando menos… Sobre religião já falamos outro dia e 🙂
Começando pelo começo…
Talvez seja isso que te ajude a dormir à noite. Talvez você tenha visto a luz. Mas você sabe que o consenso popular não torna isso correto
As palavras não são minhas, são do Gregory Graffin, Phd em Zoologia, professor da UCLA e líder da banda Bad Religion.
Quanto mais velho eu fico, mais eu odeio o consenso, a unanimidade, o senso comum… Eles trazem um sentimento falso de estabilidade pelo simples fato de que “todo mundo faz assim” ou “tudo sempre foi deste jeito”, e portanto deve estar correto.

Isso serve para absolutamente tudo e gera as mais equivocadas percepções que existem:
- A melhor forma de ganhar dinheiro é trabalhando em uma grande empresa
- Restrição da concepção de família ao que se cunhou como “ família tradicional”
- Casamento é para vida toda e com uma pessoa só
- Ganhar mais te dá uma vida melhor, traz felicidade
- Ter mais bens é sinal de sucesso
- Diversificar é o melhor para seus investimentos
Todos estes são circunstâncias e “aprendizados” da nossa vida, que assumimos como verdade, mas que não são verdades absolutas.
Podem servir para um, mas não servir para outro, e eu nem arrisco dizer que serve realmente para a maioria… Para não dizer que muitas vezes são mentiras!
Não é o ponto aqui, mas em formas mais críticas este tipo de pensamento gera até mesmo as coisas mais repugnantes do nosso mundo moderno, como racismo, misoginia, homofobia, xenofobia entre outras coisas.
A vida por outro lado, nas suas prioridades
Em 2014 uma amiga minha resolver mudar completamente de vida. Largou um “bom” emprego em uma empresa grande, o financiamento da casa que ela estava comprando e a vida na cidade grande com todas as suas “facilidades”.
O destino foi uma cidade de 10 mil habitantes, em que ela comprou com o marido um pequeno pedaço de terra e construiu uma casa de barro, com um banheiro ecológico. O lugar não tinha água encanada, tampouco energia elétrica. A geladeira era um isopor e o item mais tecnológico era o roteador 3G que funcionava mal.
Eles tinham bem pouco dinheiro guardado, que foi quase todo gasto na construção e nas primeiras urgências. A ideia era trabalhar remotamente ou mesmo participar a economia local (o que acabou acontecendo rapidamente, inclusive com ações sociais da Aldeia Sabiá).
Fato é que, analisando toda a situação com a minha amiga, percebemos que se houvesse um pouco mais de planejamento, eles poderiam até viver de renda, mas volto neste ponto mais tarde…
Quando a obra acabou, ela me confidenciou que o gasto mensal do casal era de R$ 600. Os gastos eram basicamente:
- A internet e o telefone
- Compras de comida de coisas que não conseguiam plantar na horta ou trocar com os vizinhos
- Energia era solar
- Água era do riacho
- Saúde era provida pelo SUS
Vou repetir: R$ 600. Isso, seiscentos reais.
Para eles se manterem em São Paulo, onde viviam, como um casal com padrão “básico” de classe média, era de R$ 4000. Fora o lazer, o transporte. Enquanto “na roça”, como eles chamam carinhosamente, o transporte era muito pouco e o lazer eram cachoeiras, trilhas e shows gratuitos nos bares da cidade.
E qual o ponto de tudo isso?
Vivendo em São Paulo, ambos com uma boa renda, conseguiam guardar muito pouco no final do mês. Por outro lado, com uma renda literalmente de 2 salários mínimos, era possível guardar mais da metade do que ganhavam e quase o mesmo que guardavam em sampa.
Mas como assim, explica, por favor!
São Paulo
- Renda do Casal: R$ 15,000
- Imposto de Renda: (R$ 4,000)
- Gastos Mensais da Casa: (6,000)
- Financiamento: (R$ 2500)
- Lazer e transporte: (R$ 1500)
Sobrou: R$ 1,000
“Roça”, vivendo por outro lado
- Renda do Casal: R$ 2,000
- Imposto de Renda: (R$ 0)
- Gastos Mensais da Casa: ( R$ 600)
- Financiamento: (R$ 0)
- Lazer e transporte: (R$ 300)
Sobrou: R$ 1,100
Por fim, em 2015, um rendimento qualquer de um CDI era de aproximadamente 10%. Com R$ 200 mil e um pouco mais de planejamento, apenas o rendimento deste valor (que eles poderiam te guardado) seria suficiente para pagar as contas e continuar economizando na roça.
Fechando a conta e passando a régua
Este é só um caso extremo para explicar o seguinte: o problema não está necessariamente em quanto você ganha, talvez esteja em quanto você gasta, esteja no seu estilo de vida. Um estilo de vida que você não refletiu a respeito, apenas seguiu o “consenso popular”, o senso comumm.
Nem todo mundo está disposto a plantar, colher, usar banheiro orgânico, cidade de 10 mil habitantes, banho frio de vez em quando, geladeira de isopor e assim por diante.
Ao mesmo tempo existem diversas alternativas ao modelo de felicidade e sucesso do consenso popular das grandes cidades: emprego bom, casa moderna, comer em restaurantes, tomar vinho e andar de carro novo.
É uma questão de repensar o que é de fato relevante para você: família? liberdade? segurança? natureza?
Acredite, é possível melhorar a sua qualidade de vida fazendo uma reflexão sincera sobre o que realmente importa e abrindo mão do que é desnecessário ou que lhe foi imposto pelo senso comum.

Neste caminho, por vezes, é mais importante saber o que você não quer (trânsito? medo? barulho? muvuca? limitações?) e fazer algumas apostas no que realmente você quer aproveitar ao máximo nesta vida, sabendo que não há certo ou errado.
Eu já tenho minhas apostas e planos… Desafio você a duvidar de verdades absolutas, do senso comum e ver a Vida Por Outro Lado. Não é uma questão de ter mais, fazer mais, mas de escolher melhor.
E ai, topa repensar a sua vida por outro lado? Tem coragem?
Esta é a forma que eu vejo, mas talvez você veja as coisas Por Outro Lado… Por isso, discorde, deixe seu comentário e a sua opinião abaixo!
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