Eu confio na Nova Geração Z… E na Alpha!

Publicado por Homero Carmona em

Eu cheguei ao mercado de trabalho e empreendedorismo lendo inúmeros artigos, análises, pesquisas sobre com o comportamento da minha geração (Y). Diziam muitas vezes que era ruim e inadequado para o que era necessário para o presente e o futuro…

Que eu fazia parte de uma geração mimada, preguiçosa, reclamona, com pouco apetite a trabalho etc.

Hoje, 10 – 20 anos depois, eu consigo olhar para todas essas análises (e feedbacks recebidos) e perceber que eram oriundas de uma visão conservadora, ressentida, invejosa e míope. Nada mais era que a geração anterior (X e Baby Boomers) analisando que nós (Millenials) éramos piores que eles e não daríamos conta do recado.

Eram pessoas, dessa geração anterior, que projetavam suas próprias frustações em nós e sentiam “sabedores” do caminho correto caso tivessem a mesma oportunidade de acesso a conhecimento e tecnologia… Pessoas com passados de sucessos restritos e cheios de arrependimento.

Minha percepção é que erraram feio… Mas isso, não quer dizer que eu ache que a minha geração esteja acertando também =/

Porém, essa visão me dá a chance de olhar para as Gerações Z e Alpha com esperança em vez de crítica. Me posicionando como alguém que está aqui para ajudar, não para excretar regras.

Os Conflitos de Gerações e as análises limitadas

Gerações diferentes, vão ter visões de mundo diferentes. É fato… Não dá esperar que eu, que tivesse acesso a um computador aos 11, pense igual aos meus amigos de 50 anos que mexeram em PC após os 20 e menos ainda com minha sobrinha, que aos 4 já tinha um smartphone na mão.

Acesso a informação, acesso a desinformação, brincadeiras diferentes, pais diferentes, contextos econômicos distintos… Que obviamente levam a comportamentos diferentes.

Eu demorei para entender os conselhos que eu recebia dos meus ex-chefes (e outros supostos conselheiros de vida e carreira)… Eles falavam com tanta propriedade, tão conhecedores do mundo, ao mesmo tempo pareciam tão malucos, tão conflitantes com minha visão de mundo.

Se eu não segui completamente as dicas, certamente fui influenciado, fiquei balançado e eventualmente tomei decisões “erradas” por conta disso.

Não é dizer que tudo foi errado ou inútil, mas olhando para trás parece que a maioria dos conselhos eram secos em empatia. Eram mais projeções do que as pessoas queriam ter feito, do que um pensando do que eu deveria fazer e seria melhor para mim de fato.

E minha Geração Y não está fazendo melhor…

Bom, se quando eu tinha 20 e tantos eu não recebia bons conselhos e o orientações, eu olho para o lado e vejo que alguns amigos e colegas de 35 – 45 anos não fazendo um serviço melhor.

Gente criticando a “nova geração” ou querendo enfiar “quadrado no triângulo“, tentando dizer para Z’s que o melhor caminho é algo que eventualmente o indivíduo tem repulsa, ojeriza.

Estamos (sim, eu certamente faço isso de vez em quando), novamente reciclando passados de arrependimentos e pouco sucesso. Tentamos fazer com que as pessoas ajam como nós gostaríamos de ter agido ou como nós mesmo agiríamos se tivéssemos exatamente o mesmo contexto.

É bizarro pensar isso… Pessoas jogando suas frustrações em cima de outras. Entendo que muitas vezes é sem perceber, não é por mal e também não é necessariamente de todo errado.

E o que isso tem a ver com Confiar na próxima geração?

Ouvi no passado e sempre me lembro: “quer que alguém aja como idiota, trate-o como idiota“.

É isso que pais, chefes, mentores fazem com as gerações que são responsáveis por tutorar: tratam eles como idiotas e depois esperam que com o tempo sejam menos idiotas que seus tutores.

Qual a chance de dar certo?

Pois é…

A única chance, ao meu ver, é parar de tratar as próximas gerações como idiotas e sim como os verdadeiros detentores da sabedoria e confiar neles.

Sei que vou mexer em vespeiro aqui, mas honestamente, qual bem estão fazendo meus parças das geração X e Y? Elon Musk, Zuckerberg, Larry Page, Sergey Brin, Jack Dorsey, Jack Ma… Isso para não falar dos boomers Bill Gates, Steve Jobs, Jeff Bezzos e outros…

Esses caras tem tanto poder e dinheiro que basicamente eles são umas espécie de governo (se é que já não são o governo em si), mas quais deles estão realmente empenhados em resolver os verdadeiros problemas do mundo? Fome, doenças, crise climática etc.?

Os líderes de hoje, exemplos e tutores, são péssimos caminhos, focam no curto prazo, lucro e no próprio umbigo. Eu acredito e confio que jovens inteligentes e interessados da Geração Z e Alpha vão dar melhor conta do mundo, não consigo esperar algo bom desse bando X, Y e Boomers.

Geração Z e Alpha pelo Planeta
Geração Z e Alpha pelo Planeta – Markus Spiske no Pexels

Por que eu confio na próxima geração?

A primeira resposta é que eu não tenho outra opção… A minha geração já, majoritariamente, falhou. Um ícone de grande reconhecimento é Mark Zuckemberg. Na política, não consigo ver ninguém com quem eu me identifique e confie. Nem no Brasil, nem fora…

Agora, com pessoas com 10 anos a menos que eu, consigo ver esperança! Pessoas poderosas, com maiores graus de empatia, menos presas ao modo atual de fazer as coisas, com maior foco no longo prazo e menos preconceituosas.

Quem são exemplos de pessoas que demonstram que devemos confiar?

Será que é coincidência que todos os exemplos que tenho para citar são mulheres? Fico feliz por viver isso, me trás a esperança de mudança para melhor. Na pior das hipóteses é uma visão diferente da masculina predominante que não parece estar nos levando para um bom lugar.

Para alguns dos meus exemplos que, eu peço a você, tentar separar o seu gosto pessoal e seu posicionamento político da análise. Para mim elas são bons exemplos não por aquilo que elas lutam, mas pela forma: Tabata Amaral, Anitta, Greta Thunberg, Malala Yousafzai.

Foto Anitta - Geração Z
Foto Anitta – Geração Z – Fonte – Metropoles.com

Todas elas, de uma forma ou outro, lutam diariamente à sua maneira para alterar a o rumo das coisas, reduzir a toxicidade atual. Todos elas brigam com pessoas das gerações anteriores que dizem para elas que deveriam agir de outra maneira. Para mim, não são símbolo de resistência, são ícones de mudança ativa.

A diferença entre resistir e promover a mudança ativa é que quem resiste, luta para preservar se usando como escudo… quem muda ativamente é aquela que se enfia do ninho de cobras para tentar impedir que a desgraça aconteça.

A Greta vai na ONU e fala que os imbecis estão fazendo m….

A Tabata Amaral discute com velhos babões da Câmara de Deputados, quando ela é de longe mais capaz.

Eu confio nelas, confio nessas jovens, assim como confio em homens jovens que talvez só me falhem os nomes agora.

PS: Tabata e Anitta são de 1993. A maioria das pesquisas que fiz diriam que elas são oficialmente da geração Y, que vai de 1980 até 1995 ou 1996. Mas a forma que elas usam o digital, me fazem entender que são muito mais Z do que Y.

Como eu pretendo demonstrar essa confiança!

A primeira ação é clara, é este artigo, deixando claro que eu prefiro confiar na nova geração que consegue entender melhor o contexto atual e o que está por vir.

A próxima é, sempre que possível, oportunizar que as novas visões de mundo sejam colocadas em prática. Um exemplo disso, é através do voto, buscando opções em pessoas mais jovens e com uma visão mais atualizada. Nem sempre isso será possível, mas que seja pelo menos pessoas que tenham uma visão mais jovem e voltada para o futuro.

Eu fiquei relativamente feliz em 2020 quando Bruno Covas (40 anos) e Guilherme Boulos (37) foram para o segundo turno. Podem não ser os candidatos que eu pedi a Deus, mas pelo menos já não era José Serra e Haddad… Ou então Márcio França e Russomano. Fiquei relativamente feliz em ver dois “Jovens” no segundo turno de Recife também. Candidatos de 24 e 36 anos, sendo que o da Geração Z ganhou!

Por fim, relembro, não é só uma questão de idade… Não adianta ter 20 anos e a cabeça do Lula, Bolsonaro, Aécio, Ciro. Idade não é garantia de nada, nem para jovem, nem para o velho, nem para o bem, nem para o mal.

Como eu pretendo ajudar e lidar com a essa geração?

Como venho tentando reforçar ao longo do texto, não quer dizer que é jovem que eu vou confiar cegamente. Tampouco quer dizer que eu e outras pessoas de gerações anteriores são todas fracassadas e não possam ensinar nada.

Muito pelo contrário, podemos e devemos ajudar. Mas de que forma?

Fazendo mais perguntas do que dando respostas. Ajudando a enxergar mais possibilidades em vez de restringi-las.

Por muito tempo, e ainda hoje, eu vejo as pessoas querendo dizer para as outra (e para mim) o que fazer, só porque tem mais experiência.

Reforço, pelo que vi até agora, eu tenho uma esperança maior que a próxima geração vai fazer um trabalho melhor que a minha e as anteriores.

Para mim, isso é uma questão de respeito, dar a liberdade e a oportunidade de quem tem mais condições, fazer um trabalho melhor do que o fizemos até agora.

A vida é uma maratona em que as gerações passam o bastão para a próxima. Uma das nossas grandes falhas tem sido demorar muito para passar bastão, seja por apego, por egoísmo, ou por não confiar em quem chega. Eu estou fazendo minha parte, estou passando o bastão… e você ?

Esta é a forma que eu vejo, esta é a minha hipótese, mas talvez você veja as coisas Por Outro Lado… Por isso, discorde, deixe seu comentário e a sua opinião abaixo!


0 comentário

Deixe um comentário

Avatar placeholder

O seu endereço de e-mail não será publicado.