Uma sucessão de acontecimentos me fizeram relembrar o quanto que tudo nesta vida é uma hipótese.

Sério, tudo mesmo, até nossa simples existência…

A gente não para para pensar, mas o fato é que até o obvio é uma hipótese.

Trabalho, o fantástico mundo das certezas sem hipóteses

A experiência no ambiente corporativo faz com que a gente vá testando, validando e invalidando hipóteses. Desta forma, quando nos deparamos com uma situação similar, conseguimos conectar alguns pontos e encontrar o caminho para a solução do problema.

Quando tudo dá errado, muitas vezes começa a caça as bruxas, a culpabilização de um ou outro indivíduo do time.

Aparentemente, o que falta é aceitar que realmente tudo é uma grande hipótese do “o que fazer” e suportado por um emaranhado de hipóteses de “como” e “quando” fazer. Mesmo quando vamos rodar pela décima vez, supostamente, exatamente a mesma abordagem, seja para rodar a folha de pagamentos, a NF, implementar um sistema, negociar um contrato ou o que quer que seja.

Quando o blá, blá, blá da Transformação Digital e a deusificação do Ágil começou ganhar mais força na década de 2010, um insight (nome faria limer para minha hipótese) foi muito forte para mim e se suporta até hoje: não é sobre o “o que” ou sobre o “por que”, é sobre o como… E o como é aceitação da incerteza, de que tudo é uma hipótese e verdadeiramente aceitar e enfrentar os erros de maneira positiva. Isso me parece ser a vida…

Eu fico impressionado ao olhar para trás e me dar conta de o quanto a gente demora para perceber que nosso teste não está dando certo e então reajustar a rota. A gente se apaixona pelo plano, pelo cronograma, pela hipótese no final das contas. Nós rapidamente achamos que o trabalho do coleguinha é uma porcaria, que alguém fez algo errado e que minha ideia continua sendo excelente. Esquecemos que tudo são hipóteses e só a vida real poderá validar ou invalidar.

Na minha vida empreendedora no Intercâmbio & Viagem (e seus filhinhos :), com meu sócio, parceiros, prospects, colaboradores, eu busco entrar em toda nova interação com a mentalidade do Lulu Santos:

Como uma ideia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer

Lulu Santos – Apenas Mais Uma de Amor

Em especial na mesa de negociação, vejo caminhos com altíssimo potencial, variadas hipóteses, simplesmente morrerem por falta de aderência da hipótese inicial que sustenta o meu negócio e o da contraparte.

Ora, será que vale realmente deixar de avaliar todas as outras possibilidades por conta do primeiro entrave? É preguiça ou paralisia por análise?

Aliás, para encerrar esse capítulo, sobre paralisia por análise, ouvi há um tempo e me bate sempre quando acho que estou demorando para tomar a ação: “não decidir, também é uma decisão”. Para não restar dúvidas, minha hipótese é que usualmente não decidir não é um boa decisão, ok?

Política, com certeza onde temos as piores hipóteses

E aí, tá felizão com a hipótese em quem você votou em 2014, 2018 e 2020? Já escolheu a sua hipótese para 2022?

Assim como o falei no trabalho, cada voto é uma hipótese, sustentada por um emaranhado de outras hipóteses:

1. Que é o candidato certo
2. Que vai fazer as coisas certas
3. Da maneira certa
4. Na hora correta

Veja, talvez você tenha acertado na hipótese #1… Eventualmente era uma boa pessoa e ele tentou fazer as coisas certas #2… mas ao longo do tempo, falhou na #3 ou #4, na forma e no momento.

Está tudo bem… Principalmente se ele conseguir olhar para este fato e tomar uma atitude a respeito, buscar novos caminhos para finalmente fazer na maneira correta, na hora certa.

O que não dá, é para nós eleitores vermos que nossas hipóteses falharam e as do candidato também, e ainda assim ficar apaixonado pela ideia.

Se a hipótese que meu candidato e eu acreditamos falhou, ou eu ou ele precisa criar uma nova hipótese.

Considerando nossos políticos, é mais fácil nós mudarmos nossas hipóteses, certo? Ou você tem outra hipótese melhor?

Religião, Deus e origem da Vida. Apenas mais algumas hipóteses

Sei que aqui entro em um campo ainda mais polêmico… Mas, Big Bang, Evolucionismo, Eva e Adão, Arca de Noé, Matrix, são todas ideias válidas sobre vida na terra. Algumas delas parecem (repito, parecem) ser mais factíveis que outras, mas nenhuma delas ainda nos ofereceu dados o suficiente para ser descartada da nossa lista de possibilidades.

Descendo um pouco mais no detalhe, a gente confunde a palavra fé com a palavra verdade. Fé é a crença de que uma hipótese é verdadeira. Quando a verdade é apresentada, nem fé nem hipótese são necessárias.

Para a fé de cristãos, Jesus é filho de Deus. Para Judeus, só mais um profeta. Para outros, a própria existência de Jesus 2000 anos atrás não é uma garantia… Em qual dessas hipóteses você tem fé que é a verdade? Alguma outra?

Até a morte, a ideia de “matar uma pessoa” como algo errado é apenas uma hipótese humana, uma concepção da nossa ordem imaginada. Na nossa sociedade majoritariamente construída em cima de crenças cristãs e capitalistas, assassinato é crime, em 99,9% dos casos.

Para algumas tribos Incas, matar os filhos congelados no topo da montanha era a maior benção que as crianças poderiam receber. Ao menos era a hipótese deles, uma porção de crianças talvez tenham validado a hipótese e estejam morando no paraíso com os deuses…. quem sabe? Talvez só as crianças (imagem acima)…

Alias…

Sua Vida é uma hipótese…

Quando eu abro o olho de manhã, eu ponho a mão no peito e falo “Ufa!”, validei mais essa hipótese, acordei vivo!

Eu poderia ser romântico e falar o que costumo ouvir por aí “Eu acordo e agradeço por mais um dia”. Eu até faço de algum modo, mas na prática, antes eu penso “Ufa! Parece que tenho mais um dia para validar umas hipóteses e criar novas”.

Apesar de acordar com este alívio, será que eu existo mesmo ou sou só uma projeção carnal de um espírito? Ou será que sou só um programa de computador? Será que na verdade eu sou o espírito de algum outro ser em algum lugar? Penso logo existo? Será?

Sei lá viu!

Cotidiano hipotético….

Gosto de fazer risoto… Aprendi há uns 8 anos. Já fui muito elogiado pelos meus pratos, mas a verdade é que cada vez que cozinho a roda das possibilidades da vida gira novamente. Hoje em dia, dificilmente fica muito ruim… Ainda assim, quantidade de sal, de pimenta, de água, o tempo, por mais que eu meça, são apenas tentativas reduzir a incerteza inerente à hipótese de cozinhar meu prato favorito e que se tornou também minha forma de carinho com pessoas queridas.

E assim segue as hipóteses e tentativas do nosso cotidiano…

Todo dia, pelo menos 3 vezes, eu luto contra a hipótese de ter cáries ou de ter que tratar de um canal.

Duas vezes por semana ( com muito esforço e pouca disciplina) vou à academia na hipótese que minha saúde fique melhor e eu viva mais tempo.

Cada viagem que faço, valida uma série de hipóteses sobre o destino e a vida. E cria váááárias outras!!!! (esse é o problema das hipóteses, aparentemente elas se multiplicam mais rapidamente do que conseguimos testá-las).

Com frequências variadas eu entro em contato com as pessoas que amo para ver como estão e me reconectar elas, na hipótese de que entenderão o quanto eu sou feliz por elas existirem. E também, eventualmente, tentar reforçar a hipótese de que sou amado como eu gostaria.

Se você está lendo este artigo até aqui, é porque a minha hipótese de escrevê-lo e publicá-lo foi adiante. E existem outras duas hipóteses não excludentes:

• Você ainda está lendo este texto longo porque gosta de mim e se importa o suficiente para isso; e/ou
• Você ainda está lendo este texto longo porque realmente meu texto está bom.

Mas afinal, o que é importante em tudo isso?

A minha hipótese é que as coisas mais importantes nisso tudo são basicamente três:

• Respeitar que todos nós, por visões de mundo diversas, teremos invariavelmente hipóteses divergentes;
• Acatar, ao executar suas hipóteses, de que elas podem falhar ou você pode mudar de ideia. Se isso acontecer, está tudo bem, é coletar os aprendizados e tentar criar uma hipótese melhor para a próxima tentativa; e
• Aceitar que a maioria das suas hipóteses jamais serão realmente e totalmente validadas ou invalidadas.

Por fim, precisamos aceitar que os únicos donos da verdade, são os dados e o tempo… quer dizer, até o tempo, talvez nem exista….

Esta é a forma que eu vejo, mas talvez você veja as coisas Por Outro Lado… Por isso, discorde, deixe seu comentário e a sua opinião abaixo!